
As Sociedades Indígenas no Brasil habitam em quase todos os estados, com exceção do Distrito Federal. Mesmo nos estados do Piauí e Rio Grande do Norte, onde até pouco tempo se afirmava que não existiam mais indígenas, há possibilidades de reconhecimento de sociedades originárias do período pré-descobrimento.
Reunidos, os indígenas do Brasil, que à época dos descobrimentos eram estimados em mais de cinco milhões, atualmente são cerca de 370 mil pessoas, vivendo em 215 sociedades e falando 180 línguas.
No passado, foram muitas vezes obrigados a abandonar suas terras: por causa de perseguições realizadas com objetivos de torna-los escravos, feitas por bandeirantes e comerciantes; pelo confinamento nos aldeamentos missionários; pelas guerras promovidas pelos governos dos períodos da Colônia e Império. Hoje, as frente econômicas de exploração de madeira, exploração de recursos minerais, e as grandes fazendas, representam um sério obstáculos á integralidade das terras indígenas. Somado a esses fatores existe, ainda, a presença do Estado, representada pela construção de grandes estradas, hidroelétricas e outras obras públicas.
A Constituição Brasileira, no artigo 231, garante como direito dos indígenas, além da demarcação de suas terras, o respeito às línguas, culturas e tradições e atribui ao Governo Federal a tarefa de fazer cumprir esses direitos que estão definidos na Lei maior do País. O primeiro meio para evitar as invasões e promover o respeito às terras indígenas é a demarcação dos limites, de acordo com as necessidades tanto físicas quanto culturais, dessas sociedades, só assim será garantida a sua sobrevivência.
AS SOCIEDADES INDÍGENAS VIVEM EM DIFERENTES LUGARES DE NOSSO País: nos campos e cerrados estão, por exemplo, os Nambikwara, de Rondônia e Mato Grosso, os Xavante, do Mato Grosso, e os Canela, do Maranhão. Nas florestas estão os Kayapó, os Asuriní, os Araweté, os Wayana-Apalaí, do Paraná, além de muitos outros. Nos sertões semi-áridos estão os Fulniô, os Atikum, de Pernambuco; os Pankararú, os Kiriri, da Bahia. No litoral estão os Potiguára, da Paraíba, os Guarani, do Espírito Santo.
Habitam, também em algumas cidades, que têm, as vezes, uma população indígena numerosa vivendo geralmente em condições difíceis, como a maioria da população pobre. São encontrados em Manaus (AM), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), e até mesmo na cidade de São Paulo, onde há cerca de 1.500 Pankararú, que migraram do Estado de Pernambuco.
Outras sociedades indígenas ocupam terras próximas às cidades, misturando a vida da aldeia à vida urbana. Muitos indígenas vivem assim, como os terena, do mato Grosso do Sul e São Paulo, os Guarani e os Xokléng, do Rio Grande do Sul, além dos Pataxó da Bahia e outros indígenas do Nordeste.
Cada sociedade estabeleceu uma forma própria de relacionamento com o ecossistema da região que ocupam. Com paciência e sabedoria os indígenas foram aprendendo a lidar com a natureza, retirando de seu meio ambiente o sustento para a família, os remédios para curar as doenças e os materiais para confeccionar instrumentos de trabalho e de uso diário: Essa relação de proximidade com a natureza possibilita às sociedades indígenas o reconhecimento, exercido na prática cotidiana, da importância de uma relação respeitosa e equilibrada do homem com o meio ambiente.
Por certo, o Brasil, que se diz pluriétnico nas letras da Lei, isto é, formado por várias etnias diferentes, precisa assumir de fato essa diversidade no dia-a-dia, e para isso é preciso que a sociedade brasileira aprenda e respeitar e valorizar as diferentes formas de vida e cultura que existem em nosso País.
Lúcia Passos/1997